O começo desse movimento

Em fevereiro de 2009 um dos integrantes desta Comissão recebeu uma intimação do MPF, sobre irregularidades em obra realizada na Av. Desembargador Hermydio Figueira, no Aterrado, as margens do Rio Paraíba do Sul. Na época pensou que fosse um ato isolado, porém com o decorrer do tempo foi encontrando inúmeras outras pessoas que também haviam sido intimadas. Resolveu então reunir estas pessoas num grupo por ter a consciência da gravidade do problema e por acreditar que a união dos envolvidos contribuiria muito para encontrar-se uma solução satisfatória para todos.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Ribeirinhos pedem apoio na Câmara de Volta Redonda

Alvo de ações do Ministério Público Federal, eles criaram associação para defender seus interesses e cobram das prefeituras e do estado alternativas caso tenham mesmo que ser removidos

Foco Regional
Audiência pública: Empresários se queixam da falta de apoio e alternativas
Empresários e moradores que estão sendo alvo de ações do Ministério Público Federal (MPF) por estarem na faixa marginal do Rio Paraíba do Sul criaram uma associação para defender seus interesses. A Arisul (Associação dos Ribeirinhos do Sul Fluminense) participou da audiência pública realizada na quarta-feira (17), na Câmara de Volta Redonda, onde pediu apoio aos vereadores para que cobrem das prefeituras da cidade do aço e de Barra Mansa uma agenda com o MPF. Muitos dos empresários cujas atividades dependem de licença ambiental, que não estão sendo renovadas, vêm sendo multados pela Secretaria de Fazenda de Volta Redonda porque, sem o documento, também não obtêm o alvará de funcionamento.
A audiência pública teve pequeno comparecimento - cerca de 40 pessoas - e foi requerida pelo presidente da Câmara, Luiz Soró. Participaram América Tereza (PMDB), Toninho Oreste (PMDB), Edson Quinto (PR) e Paulo Conrado (PSL). Eles ficaram de procurar o prefeito Antônio Francisco Neto para discutir a situação, pois entendem que o município tem que assumir a sua responsabilidade, uma vez que permitiu ocupação da faixa marginal no passado, inclusive concedendo alvará. O único órgão público que compareceu foi o Inea (Instituto Estadual do Ambiente), representado pelo assessor técnico Sérgio Alves.
Ele informou que somente em abril deve ficar pronto o estudo sugerido pelo presidente do instituto, Luiz Firmino Gomes, ao procurador Rodrigo Lines. É uma espécie de projeto piloto para verificar quem realmente terá de sair e quem tem alguma chance de ficar onde está. O mapeamento está sendo realizado em um trecho de Volta Redonda e outro de Barra Mansa. A faixa de proteção é de cem metros do leito, nos dois lados do rio. "É um estudo hidrológico complexo", resumiu o assessor do Inea.
No início deste mês, a associação se reuniu com o MPF, sendo informada por Rodrigo Lines que, mesmo com o trabalho do Inea em andamento, as notificações não vão parar. "Pensávamos que isso fosse acontecer, mas o procurador disse que não. Ele apenas não está ajuizando (as ações)", disse o presidente da associação, Eduardo Aparecido Silveira da Cruz. Segundo ele, o procurador informou à associação que enviou às duas prefeituras ofícios solicitando o cadastro dos imóveis situados na faixa marginal. Eduardo colocou seu telefone (9292-6459) à disposição de quem quiser fazer parte da associação.
Mas já tem empresário respondendo criminalmente pela ocupação. É o caso de Gustavo Valente, dono de uma serralheria no Pinto da Serra, em Volta Redonda. Depois de adquirir o terreno de 2,9 mil metros quadrados e construir um galpão de 800 metros quadrados, a firma se instalou em 2008 e teme perder o investimento de R$ 400 mil. As condições do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) sugerido pelo MPF são inviáveis, afirma Gustavo.
- Fui um dos primeiros notificados. Fiz uma contraproposta que o procurador não aceitou e então veio a ação criminal - relatou o empresário. "Se tiver que sair, até saio, mas preciso de um prazo maior", pondera, lamentando que, em nenhum momento, foi alertado de que iria ocupar uma APP. "Obtivemos toda a documentação de praxe, com registro geral do imóvel e escrituras, assim como o alvará para realizar a obra, sem nenhum tipo de ressalva. Só depois da empresa montada descobrimos que precisaríamos de licença ambiental", contou.
Manifestações não estão descartadas
Mais de 200 notificações foram expedidas desde o final do primeiro semestre. Durante a audiência pública, Eduardo deu a entender que os ribeirinhos poderão promover manifestações caso as tentativas de negociação não sensibilizem as prefeituras e o governo do estado. "Não adianta o poder público empurrar com a barriga. Precisamos achar uma saída sócio-econômica", disse, alertando para o risco de desemprego dos que trabalham nas empresas ameaçadas.
Para os empresários, o TAC proposto pelo MPF é, na verdade, uma ordem de despejo: dois anos para a demolição de todas as construções e, a partir daí, um ano para elaborar e executar um projeto de recuperação da área degradada. O não cumprimento dos prazos significará multa diária de R$ 5 mil. "Estamos sendo intimados a sair, mas ninguém nos apresenta uma alternativa. Aí é fácil", queixou-se o empresário Amaro Branco, diretor da associação.
O assessor técnico do Inea disse na audiência que grandes aterros no Paraíba, feitos por empresas, prejudicam diversas comunidades ribeirinhas. Apontou como exemplo a Barreira Cravo, em Volta Redonda, onde têm sido comuns os alagamentos. Sérgio Alves chamou a atenção para o que aconteceu em Barra Mansa, onde diversas empresas sofreram prejuízos com o transbordamento do Rio Barra Mansa. "Há muitos casos de empresas e residências que invadiram os rios", comentou.
Ele voltou a ressaltar que o MPF está agindo com base na legislação ambiental (de 1965), à qual já foram acrescentadas resoluções, entre elas as que mudaram a extensão da faixa de proteção. Empresas instaladas antes da lei, como a CSN, em Volta Redonda, e a SBM (Siderúrgica Barra Mansa) não são atingidas pela regulamentação, mas também não podem, como observou o assessor do Inea, fazer nenhum tipo de expansão. Ele também confirmou que o Inea está proibido de conceder licença ambiental a qualquer empresa que esteja em Área de Preservação Permanente.

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